Depois ficção.
Agora... Quem sabe onde chegará e que efeitos produzirá na vida aqui na Terra?
Em física, movimento é a variação de posição espacial de um objeto ou ponto material no decorrer do tempo.
Na filosofia clássica, o movimento é um dos problemas mais tradicionais da cosmologia, desde os pré-socráticos, na medida em que envolve a questão da mudança na realidade. Assim, o mobilismo de Heráclito considera a realidade como sempre em fluxo. A escola eleática por sua vez, principalmente através dos paradoxos de Zenão, afirma ser o movimento ilusório, sendo a verdadeira realidade imutável.
Aristóteles define o movimento como passagem de potência a ato, distinguindo o movimento como deslocamento no espaço; como mudança ou alteração de uma natureza; como crescimento e diminuição; e como geração e corrupção (destruição).
No universo descrito pela física da relatividade, o movimento nada mais é do que a variação de posição de um corpo relativamente a um ponto chamado "referencial".
Há considerações para todos os gostos. Ilusão ou verdade? Lacan não está aí entre os citados, mas há duas afirmações dele que também podem ser trazidas para pensarmos o "movimento": "todo ponto é ponto de partida" e "a verdade só pode ser meio-dita".O Salão Nobre da Faculdade de Direito da UFRGS teve suas dependências totalmente ocupadas, na noite desta segunda-feira (26), por um público extremamente diversificado. Eram desde moradores de diversas vilas e morros de Porto Alegre, impactados pelas obras da Copa do Mundo de 2014, até professores e acadêmicos, das mais diversas áreas, interessados em discutir o Direito à Moradia, no painel “Direito à Moradia e Copa do Mundo”, da IV Semana de Direitos Humanos, Cidadania e Acesso à Justiça (SDH).
Durante aproximadamente três horas, lideranças das comunidades atingidas de alguma maneira pela Copa do Mundo expuseram para o público presente as necessidades e dificuldades enfrentadas para que lhes sejam garantidos o direito constitucional à moradia.
“O Morro Santa Teresa é o nosso lar há 50 anos”
Darci Campos dos Santos, morador do Morro Santa Teresa há mais de 30 anos, narrou a luta de resistência dos moradores do local contra o PL 388/2009, elaborado no governo Yeda, que pretendia vender o morro, uma área pública, para a construção de condomínios de edifícios privados. “É claro que o projeto tinha a intenção de despejar os moradores que moram ali. Só que nós nos organizamos e resistimos. Ora, somos quase 20 mil famílias morando lá. Se nos tirassem de lá, onde iriamos morar?”, denunciou Darci.
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Em agosto de 2010, o Ministério Público Federal (MPF) ingressou com uma ação civil pública pedindo o afastamento imediato e a perda dos cargos e aposentadorias dos delegados David dos Santos Araújo, Aparecido Laertes Calandra e Dirceu Gravina, os dois primeiros aposentados e o terceiro ainda na ativa. Os três delegados da polícia civil paulista foram responsabilizados pelos crimes de tortura, abuso sexual, desaparecimento forçados e homicídios.
Na ação movida pelo MPF, “Capitão Lisboa” é acusado de torturar física e psicológicamente o atual presidente do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa, Ivan Seixas, preso aos 16 anos junto com o pai, Joaquim Alencar de Seixas (dirigente do Movimento Revolucionário Tiradentes), torturado e morto pela equipe do Doi-Codi. Depois das prisões, a casa da família Seixas foi saqueada. A mãe e filhas testemunharam as torturas a que pai e filho foram submetidos. Uma das irmãs de Ivan relatou ao MPF ter sido abusada sexualmente por Araújo.
O MPF considera que os crimes cometidos são imprescritíveis por se tratarem de crime de lesa humanidade.
Artur Machado Scavone, preso e torturado entre os anos de 1972 a 1977, foi recebido no Doi-Codi pela equipe do “Capitão Lisboa”. Em frente à empresa do torturador, Scavone lembra que o propósito da justiça não é a vingança. Para ele é importante o Brasil acertar suas contas com o passado e colocar a história a limpo. “Eu acho importante a verdade existir. Não se trata de revanche, mas é preciso que a sociedade saiba o que aconteceu e que condene. Se não os generais de pijama vão achar que perseguição, prisão e tortura foi o caminho correto”.
No momento, achei a expressão um equívoco. Mas, depois, conclui que ele, o seguidor, não estava de todo equivocado. Em que pese a minha opção consciente e consequente pelo PSOL no momento de me filiar a um partido político, a verdade é que a minha formação e engajamento políticos passam, sim, pelo PT mesmo sem nunca ter integrado oficialmente o mesmo.
Na eleição presidencial de 1989 (a primeira eleição direta após duas décadas de ditadura militar), embora não tivesse idade para votar – eu votaria pela primeira vez nas eleições de 1994 – fiz intensa campanha para Lula e desfilava pelos corredores do Centro Educacional Cenecista Alcindo de Camargo, onde cursava a oitava série, com a camisa e a mochila decoradas por botons do partido, a cantarolar o jingle da campanha “Sem medo de ser feliz”, envolvido que eu era, então, com o movimento pastoral da Igreja Católica e membro de uma CEB (Comunidade Eclesial de Base), ambos íntimos do PT.
Lula não venceu aquela eleição, para nossa tristeza. Mas venceria a de 2002, em que enfrentou o candidato tucano José Serra, em cujo vídeo de campanha a atriz Regina Duarte (a quem admiro e respeito sinceramente) aparecia afirmando ter “medo” do candidato petista. Como candidato que já naquela época flertava com a direita e suas táticas políticas, José Serra e sua equipe tinham o objetivo claro de manipular os medos e os preconceitos da maioria da população por meio do depoimento de uma atriz popular. Não deu certo. Lula venceu a eleição.
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“A esperança venceu o medo”, dizíamos todos que acreditávamos que, ao chegar à Presidência, o PT traria dias melhores para o país, aproveitando-se do que havia de bom no legado deixado por Fernando Henrique Cardoso.
Bom, não podemos chamar a conversão de pobres em consumidores necessariamente de “dias melhores” (o consumo não veio acompanhado de uma educação para o consumo, por exemplo, e os efeitos desse consumo no meio ambiente já se fazem notar), mas é inegável que, em seus dois mandatos, Lula deu mais atenção à pobreza que o antecessor Fernando Henrique Cardoso.
Não que os banqueiros e o mercado financeiro e os grandes empresários e os latifundiários e os corruptos tenham deixado de ganhar durante os governos Lula, ao contrário. Mas Lula deu alguma atenção à pobreza porque, para usar suas próprias palavras, “cuidar dos pobres no Brasil é muito barato”, ou seja, na prática, não custa quase nada “às elites” egoístas que, até a chegada de Lula à presidência, opunham-se a dar essa migalha ao povo sofrido – uma sensibilidade que o sociólogo não teve e que o operário nordestino só teve porque conheceu, de perto, a pobreza.
Não foi feita a reforma agrária nem a fiscal nem a política. Lula apenas acenou para as minorias sociais (mas ao menos acenou!) sem implementar políticas públicas eficazes nem pressionar sua base parlamentar para aprovar leis que garantissem os direitos humanos dessas minorias e atendessem às suas reivindicações.
Contudo, no segundo turno da eleição de 2010, demos mais um voto de confiança no PT, em parte porque o candidato José Serra e as forças políticas tenebrosas que se agregaram em torno dele não mereciam confiança nem voto, em parte porque a esperança é a última que morre, ou seja, acreditamos que os oitos anos da era Lula serviram para criar as bases para um avanço real em justiça social e garantias de liberdades civis e direitos humanos, sobretudo porque quem se opunha a Serra era uma mulher que sentiu, na pele, as dores da violação de direitos humanos e da privação de liberdades.
O primeiro ano do mandato de Dilma Rousseff mostrou que estávamos enganados; que o PT enganou a todos nós.
Ao contrário do que foi dito naquele ano de 2002, o medo venceu a esperança. O medo se tornou a paixão dominante da presidenta. “O medo é a moda dessa triste temporada”, para citar o belo verso de Zeca Baleiro.
No que diz respeito à garantia e promoção de direitos humanos de minorias e ao enfrentamento das tenebrosas forças políticas que já estiveram ao lado de Serra e, hoje, compõem a base do governo e têm influência no Palácio do Planalto e nos ministérios, a presidenta Dilma está paralisada pelo medo.
Eu poderia citar algumas consequências concretas desse medo – as violências praticadas contra os povos indígenas nas obras de Belo Monte, o enterro do projeto Escola sem Homofobia, a exclusão de vídeos para LGBTs da campanha de prevenção à AIDS no Carnaval, a Medida Provisória que cria cadastro compulsório para grávida, o Código Florestal que anistia madeireiros e não protege as florestas – mas prefiro dizer que o medo de Dilma de enfrentar a direita conservadora vem impedindo o governo de proteger o meio ambiente; de tornar real o ideal de igualdade de oportunidades; de reduzir os gastos com uma questionável dívida pública e de defender direitos humanos.
E esse medo é permanentemente “explicado” e “justificado” por uma militância esperançada ou cínica. Sobretudo nas redes sociais, militantes e líderes de movimentos sociais cooptados estão sempre a postos para “desculpabilizar” o medo do governo e livrá-lo do ônus de suas escolhas. Entretanto, o medo pode ser um mau conselheiro.
O que há por trás desse medo? A vontade do PT de permanecer no poder a qualquer custo, uma vez que o experimentou. O que há por trás do medo? O famigerado “pragmatismo”! O que há por trás do medo? A vontade de ser e continuar popular.
Ora, Como ressalta o filósofo francês Luc Ferry, que foi ministro da Educação em seu país, “é preciso ser popular para se conquistar o poder, e seria necessário poder ser, às vezes, impopular para exercê-lo bem”.
Mas o PT deseja exercer bem o poder? Ou quer apenas a popularidade para permanecer nele, ainda que com medo? Parafraseando um provérbio árabe, o partido ou político que nunca, no poder, encontrou um motivo para pô-lo em risco deve nos deixar desconfiados…
Se eu sou um “petista enrustido”, como disse o seguidor; se tenho alguma afinidade com o PT, certamente não é com esse PT que há nove anos está na Presidência, principalmente com o PT da presidenta Dilma.
Se tenho alguma afinidade com o PT, é certamente com aquele que se parece com o PSOL.
Comitê lança 2º edição do Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. Interessados poderão se inscrever até o dia 30 de março.
O Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexula abriu inscrições no dia 22 de dezembro de 2011. O encerramento está previsto para o dia 30 deste mês.
Podem concorrer ao Prêmio pessoas físicas ou jurídicas que têm contribuído com a causa da infância no Brasil, nas seguintes categorias: Boas Práticas; Produção de Conhecimento; Cidadania; Protagonismo de Crianças; e Adolescentes e Responsabilidade.
O edital pode ser lido aqui.
Com inscrições abertas até o dia 23 de março, o Prêmio Criança 2012 tem como proposta identificar e reconhecer boas práticas voltadas para a primeira infância – crianças entre zero e seis anos –, gestantes e parturientes.
O Prêmio Criança é concedido pela Fundação Abrinq e pela Save de Children, mais antiga ONG de defesa dos Direitos da Criança no mundo e parceira da Fundação Abrinq desde 2010. Promovido desde 1989, o Prêmio Criança foi criado para dar visibilidade a iniciativas bem sucedidas com foco de atuação nas áreas de educação, saúde e proteção.
Podem se inscrever empresas privadas ou organizações sociais sem fins lucrativos que promovam iniciativas dentro do escopo do prêmio. As iniciativas devem ser desenvolvidas em território nacional e devem ter ao menos um ano de atuação. Se desenvolvidas por organizações da sociedade civil, devem estar registradas no respectivo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA.
"A expressão de uma cidade é múltipla
A beleza de uma cidade é instável
Sua grandeza é limitada
à fronteira mesma das cousas
Uma cidade se assemelha às outras
porém se a amamos é única
tem a forma de um coração"
(Belo Horizonte bem querer, Henriqueta Lisboa)
Cresce, em todo o país, a adesão à greve nacional dos professores, programada para ocorrer entre quarta-feira (14) e sexta-feira (16). O objetivo da mobilização é garantir a aplicação do piso nacional do magistério.
A lei do piso, válida desde 2008, prevê o pagamento de R$ 1.451 para uma jornada de até 40 horas. Enquanto governos municipais e estaduais alegam que não têm recursos financeiros suficientes para pagar o piso, os professores argumentam que houve tempo suficiente de readequar o orçamento para cumprir a lei.
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Em vídeo, moradores do Parque Residencial Cocaia e do Cantinho do Céu, no bairro do Grajaú, na zona sul de São Paulo (SP), denunciam as condições precárias do atendimento de saúde na região. Conforme relatos, a população encontra dificuldades para agendar consultas e exames e faltam médicos e remédios no único posto de saúde, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Residencial Cocaia Independente.
Os moradores reivindicam a abertura imediata da UBS Cantinho do Céu, há vários anos prometida pelo governo municipal. Segundo eles, a construção da nova UBS contribuirá para diminuir o número de pacientes atendidos pelo posto de saúde do Parque Residencial Cocaia.
Na última terça-feira (6), os moradores realizaram o primeiro de uma série de protestos pela construção da UBS Cantinho do Céu e contra as condições do atendimento de saúde na região.
No próximo dia 10 de abril, Dia Mundial da Saúde, organizações e entidades sociais, trabalhadores e usuários convocam o Ato Unificado da Saúde em São Paulo. A manifestação começará às 10h na Praça da Sé e seguirá pelo centro da capital paulista, passando pelas ruas Boa Vista e Libero Badaró, e culminará em frente à Prefeitura de São Paulo.
saiba mais aqui e aquiEm campanha salarial, rodoviários entraram em greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira (12) em Belo Horizonte (MG) e cidades da região metropolitana. Apenas a escala mínima de 30% da frota dos ônibus, exigida por lei em caso de greve, deverá atender os usuários.
A paralisação começou a zero hora de hoje e, de acordo com sindicato que representa a categoria, diretores da entidade e trabalhadores se posicionaram na porta das garagens para impedir a saída dos ônibus. Os piquetes serão coordenados pelos dirigentes nas 58 garagens da capital mineira e em cidades da região metropolitana.
Pelo menos 47 corpos de mulheres e crianças foram encontrados na cidade síria de Homs após um massacre atribuído por militantes da oposição às forças do regime de Bashar al-Assad e, pela televisão oficial síria, a “grupos terroristas”.
Segundo Abdallah, "membros do Exército Sírio Livre (ESL, formado por militares dissidentes) conseguiram transportar os corpos para o bairro de Bab Sebaa, considerado mais seguro".
Assim, conseguiram filmar os corpos. "Algumas vítimas foram degoladas com facas, outras apunhaladas, outras, sobretudo as crianças, foram atacadas na cabeça por objetos cortantes. Uma menina foi mutilada e algumas mulheres foram violentadas antes do assassinato", disse Abdallah.
A TV estatal, no entanto, acusou “grupos terroristas armados” de haver “sequestrado cidadãos em bairros de Homs e tê-los filmado para provocar reações internacionais contra a Síria”.
A agência "Sana" cita famílias que asseguraram à televisão estatal síria que supostamente identificaram entre os cadáveres seus parentes, que tinham sido sequestrados previamente por terroristas.
Segundo um comunicado dos Comitês de Coordenação Local, com estas mortes se eleva a 108 o número de assassinatos registrados nas últimas 24 horas.
Outro grupo opositor, a Comissão Geral para a Revolução Síria, destacou em comunicado que alguns dos corpos pertencem a pessoas que foram queimadas vivas, a outros tiveram o pescoço quebrado ou outras partes do corpo.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal grupo oposicionista, convocou uma "reunião de emergência" do Conselho de Segurança da ONU, após as informações sobre a matança.
"O Conselho desenvolve os contatos necessários junto às organizações e países amigos do povo sírio para obter uma reunião de emergência do Conselho de Segurança", indicou o CNS em comunicado, mencionando o "massacre de cerca de 50 mulheres e crianças no domingo" em Homs.
Centenas de famílias abandonaram os bairros de Homs, especialmente Karm al-Seitum, durante a madrugada, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que tem sede na Grã-Bretanha.
leia mais aquiUm perfil do megaespeculador Naji Nahas é o destaque da "Ilustríssima" deste domingo. O libanês naturalizado brasileiro é o proprietário do Pinheirinho, terreno em São José dos Campos (SP) que permaneceu invadido por oito anos por cerca de 1.500 famílias até ser desocupado em janeiro, numa operação de reintegração de posse que mobilizou 2.000 policiais militares e se tornou um imbróglio jurídico e social.
"Eu faço o que eu quiser do terreno. é problema meu", disse Nahas à Folha, em entrevista exclusiva. "É engraçado por me censurarem por eu ser o único beneficiário dessa reintegração de posse. Sou, sim, mas sou o dono. Paguei pelo terreno e fiquei oito anos sem poder usá-lo."
A reportagem de Juliana Granjeia, Laura Capriglione e Marlene Bergamo narra a trajetória do empresário desde 1969, quando chegou ao Brasil, já com estardalhaço, num voo que foi sequestrado no meio do caminho por um militante da causa palestina e acabou sendo desviado para Cuba. Sua polêmica atuação como investidor da Bolsa de Valores de São Paulo, suas relações no jet-set internacional e seus planos para explorar o Pinheirinho são alguns dos destaques do perfil.
A íntegra da reportagem está disponível para os assinantes da Folha e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.
Banhistas de Belo Horizonte oferecem prefeito a Iemanjá
por NUNO MANNA
Muitos trajavam roupas nas cores da Rainha do Mar, ainda que a ideia de sincretismo fosse levada muito a sério por alguns – um rapaz vestia um ojá na cabeça e uma camiseta branca com a frase “Toca Raul!” sob uma imagem do Maluco Beleza. Quando já havia mais de uma centena de devotos reunidos, o grupo saiu em procissão. Um homem vestido de camisu puxou o cortejo carregando a estatueta. Acompanhado de tambores, o grupo cantava em homenagem a Janaína e jogava pétalas de flores enquanto caminhava lentamente.
O festejo poderia se confundir com qualquer outra comemoração do dia de Iemanjá no litoral brasileiro, não estivessem os devotos no Centro de Belo Horizonte, a 450 quilômetros do oceano Atlântico. O palco da celebração foi a Praça da Estação, uma das principais da capital mineira, que ocupa uma área de 12 mil metros quadrados e tem no centro uma estátua de bronze em homenagem aos inconfidentes, na qual se lê, em latim, a inscrição “Montanheiros estão sempre livres”. A única água que se vê por ali é a que jorra das fontes da praça.
A esplanada foi transformada em balneário pela primeira vez em janeiro de 2010. A manifestação foi uma reação a um decreto do prefeito Marcio Lacerda proibindo a realização de eventos de qualquer natureza no local, depois de reclamações de barulho e bagunça feitas por moradores da região e por representantes de um museu situado na praça. Para justificar a interdição, alegou-se “a dificuldade em limitar o número de pessoas e garantir a segurança pública” e “a depredação do patrimônio público verificada em decorrência dos últimos eventos realizados na Praça”. A medida suscitou reações indignadas na internet e não demorou até que um blog convocasse os descontentes a ocupar a rebatizada Praia da Estação.
Com o sucesso do evento, a praça passou a ser frequentada aos sábados por banhistas de biquíni e sunga, bronzeando-se em cangas e cadeiras de praia. Em vez do frescobol, os mineiros preferem jogar peteca ou frisbee à beira-mar. Não faltam vendedores ambulantes, rodas de samba e ciclistas passeando pela orla imaginária – tudo sem os inconvenientes da água salgada ou da areia pregando no corpo.
Nas primeiras edições da Praia da Estação, os veranistas encontraram uma guarda municipal disposta a impedir a reunião. Os policiais chegaram a cercar a praça com fita de isolamento, mas acabaram cedendo diante do argumento de que um tanto de gente reunida, a rigor, não configurava um evento. Até que encontraram um raciocínio engenhoso para esvaziar a praia: cadeiras e barracas são mobiliário urbano; se tem mobiliário urbano na praça, é evento; e evento não pode. Mas a resistência se saiu com um contra-argumento não menos esperto: na praça não pode, mas, se o mobiliário não ficasse no chão da praça, não estaria na praça. E lá se foram os manifestantes segurando cadeiras e tendas no ar. Noutra tentativa de boicotar o evento, os guardas resolveram desligar as fontes. Mas um chapéu não tardou a correr entre os presentes e um caminhão-pipa veio refrescar a multidão, pela bagatela de 150 reais.
m setembro de 2011, o prefeito Lacerda sancionou, enfim, aquela que ficou conhecida como Lei da Praça Livre, que permite a realização de eventos de pequeno porte nos espaços públicos da cidade sem depender de autorização municipal. Mas era tarde demais: àquela altura, a Praia da Estação já tinha se firmado como ponto de encontro dos críticos da prefeitura. Enquanto tomam cerveja e comem salgadinhos, os veranistas reclamam da perseguição aos moradores de rua, do transporte público deficitário, da privatização da saúde e da educação e das obras para a Copa. Estão determinados a mostrar que povo na rua não é sinônimo de problema. “Se a gente não ocupar os espaços de volta, passaremos a viver em guetos, do condomínio para o shopping, do shopping para o trabalho”, defendeu o publicitário Ezequiel d’Oliveira, de 34 anos.
A manifestação tem sido recebida com espírito esportivo pelo poder público. Por meio de sua assessoria de imprensa, Marcio Lacerda fez saber que “a prefeitura considera esse movimento normal, parte de todo regime democrático”, acrescentando que as críticas feitas pelos banhistas à sua gestão são “não procedentes”.
Com a liberação da praça, os embates com os responsáveis pela ordem se restringiram a episódios pontuais. Num sábado de verão, um banhista se empolgou com as fontes e quis furar uma onda peladão – ato que lhe valeu a prisão por atentado ao pudor. Em solidariedade, um grupo se juntou para protestar com os já tradicionais gritos de resistência do balneário mineiro. “Ei, polícia / A praia é uma delícia!”, entoaram, emendando com a paródia de um velho sucesso do grupo de pagode Os Morenos: “Tira a farda brim, bota um fio dental / Polícia, você é tão sensual.”
Naquela tarde, mais de 500 pessoas se bronzeavam diante do mar inexistente. Um rapaz, ao encontrar seus amigos junto ao Monumento à Terra Mineira, comentou: “A maré tá baixa hoje, hein?” Um boneco grisalho, de óculos de grau e terno, trazido por uma moça fez sucesso. Era a cara do prefeito. Chamado de Lacerdinha, era saudado por onde passava. Ao fim do dia, foi visto pendurado numa das árvores da praça, enforcado por um biquíni de bolinhas.
(http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-66/esquina/odoia-nas-montanhas)
O Senado aprovou nesta terça-feira projeto que multa as empresas que pagarem às mulheres salários inferiores aos dos homens quando ambos ocuparem as mesmas funções.
A multa estipulada pelo projeto é de cinco vezes a diferença entre os salários durante todo o período de contratação da funcionária.
Como a proposta foi aprovada em caráter terminativo pela Comissão de Direitos Humanos no Senado, e já foi aprovada na Câmara, segue para sanção da presidente Dilma Rousseff --se não houver pedido para que seja votada no plenário da Casa.
Relator do projeto na comissão, o senador Paulo Paim (PT-RS) disse que a multa obriga as empresas a pagarem às mulheres salários equivalentes aos dos homens como forma de acabar com a discriminação entre os sexos.
"A iniciativa é bem-vinda pois se revela com grande sensibilidade social e política com uma causa justa, já que consistirá numa ferramenta jurídica a efetivar o princípio de igualdade de todos perante a lei de homens e mulheres em direitos e obrigações", disse Paim.
Segundo o senador, a multa não sofre desatualização monetária --o que facilita a sua aplicação.
"O valor é proporcional ao agravo, tem caráter pedagógico bastante perceptível por guardar estreita vinculação com as consequências do ato discriminatório e inova ao estabelecer que o seu valor será revertido em favor da empregada discriminada", afirmou Paim.
O relator afirma que a proposta não é inconstitucional, uma vez que a legislação brasileira prevê a "igualdade de todos perante a lei" entre os direitos fundamentais da Constituição Federal.
Sindicatos, federações e confederações sindicais da construção, incluindo organizações que representam os trabalhadores das cidades-sede da Copa, irão se reunir na próxima terça- feira em Brasília, com objetivo de entregar a Pauta Nacional Unificada para a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e ministérios do governo. Entre outras reivindicações está a criação de um piso salarial unificado para todos os operários que estao envolvidos com projetos do Mundial.
Piso salarial unificado no país | Para todas as obras, piso de R$ 968 mais crescimento real do setor da construção para os não qualificados (ajudante e servente). Para os qualificados, acréscimo de 30% sobre este piso |
Plano de Saúde | Para todos os trabalhadores das obras e extensivo aos familiares |
Cesta Básica | De R$ 300, paga por meio de cartão-alimentação |
PLR* | No valor de dois salários |
Folga familiar | De cinco dias a cada 60, a começar em uma segunda-feira e somando-se às folgas de sábado e domingo, para o trabalhador voltar à sua cidade de origem e ver a família |
Hora extra | De 80% em dias de semana, 100% aos sábados e 150% aos domingos e feriados |
Ingressos para os jogos da Copa | Reivindicação que será levada à Fifa. Pelo menos um ingresso para cada trabalhador dos estádios |
Além da unificação do piso salarial, os trabalhadores também querem um aumento do valor de pagamento de horas-extras e de benefícios sociais aos trabalhadores do setor da construção no Brasil. Com ela os sindicatos já promovem suas negociações de forma regional e agora se organizam para ações nacionais articuladas.
Neste mesmo dia 6 de março, organizações de todo o país, entre elas sindicatos das cidades-sede da Copa estarão se mobilizando e promovendo atividades em suas regiões para divulgar e apoiar o encontro de Brasília para a entrega da pauta nacional unificada.
A Campanha por Trabalho Decente na Copa do Mundo no Brasil faz parte de uma estratégia já desenvolvida junto aos sindicatos do setor da construção sul-africanos e implicou em 26 mobilizações no período que antecedeu os jogos de 2010 na África do Sul, entre elas uma greve nacional. Por aqui, um movimento paradista que ganhe a adesão de todos os estádios da Copa não é descartado, acaso as negociações sobre a pauta que será apresentada nesta terça não evoluam.
A pauta unificada tem como origem a "Declaração de São Paulo", que foi apresentada ao conjunto da sociedade após a reunião realizada pelos sindicatos que participam da Campanha por Trabalho Decente Antes e Depois de 2014, articulada pela Federação Internacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM).