22 de nov. de 2010

de tantas dores ser a mensageira
de tantas mortes ser a tabeliã
de tanto desviver ser a escriba


sobram dedos
faltam letras
sobram
faltam
faltou........ o quê?
faltou........quando?



escrever agora.
é para quem?
é para quê?

se encontrar a letra, encontra quem ouça?

ainda faltarão, cada um.

a cada um. e a todos.

(Liliane M. A. Silva)

19 de nov. de 2010

nascer poeta
o dom ser palavra.


nascer pergunta
o dom ser vazio.


nascer mulher
se tem dom, não sei.

(Liliane M. A. Silva)
u
m


le
tr


n


lm


e

n

d


m

is


ser´



n

d




(Liliane M. A. Silva)
gigante ao fundo
fragilidade à mão
carma ao sol
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
e
as rosas insistem em atender à primavera.


(Liliane M. A. Silva)

22 de out. de 2010

ser filha de
ser neta de
fazer meu o nada herdado
daqui de baixo
daqui debaixo
daqui deixo baixo
só não deixo o seixo

(Liliane M. A. Silva)
nem só desejar
nem só apostar
nem só sustentar
.
.
.
.
.
ainda por cima
por cima é preciso suportar.

(Liliane M. A. Silva)

13 de set. de 2010

quando nada foi tudo que restou, só quis o início.

(Liliane M. A. Silva)
cerca
cerco
na cerca tive infância
no cerco a morte

letra faz diferença
diferença faz cada um.
sorri
morri
também faz todo mundo.

(Liliane M. A. Silva)

Esquina da noite

Foi noite fria
A que nasci
Em que amei
Na qual morri.

Estrela sem Lua
É gente sem lume
Qualquer beco é caminho
A esquina vira norte.

Sonhar é da noite
Sem lume, sem norte
A esquina vira Lua.

É preciso rolar tempo
Colocar dia na noite.
Estrela se saberá sol
Gente se descobrirá lume
A esquina virará noite.

(Liliane M. A. Silva)