Pequenas mãos
(Adriana Oliveira)
Pequenas mãos são feitas de sonho e temor
Mãos pequeninas são para pequenos acenos
Para chuva de criança
Feita com tilintar de dedos
Nas mãos pequeninas cabem compaixão e medo
Se unem as pequenas mãos
Numa prece miúda
A pedir que o mundo não machuque
Não machuque ninguém
Breve tormenta, constante garoa
Qual a maior resistência?
Mãos pequeninas sobrevivem a ferimentos
Constroem, destroem
Outrora, foram as mãos dos
Meninos a modelar bocas de fuzis
Dedinhos inocentes e preciosos.
As mãos dos pequenos seguraram a dor da guerra.
Mãos pequenas podem produzir fogo ou artefatos delicados.
Mãos como as do cantor Victor Jará eram diminutas estendidas no chão,
Diante à desumanidade de calá-las
Essas pequenas mãos cantaram e cantam o provo até hoje.
Mãos pequenas seguram a história
Parecem ter sempre amarrada ao dedo mínimo uma rabiola de esperança.
Pequena música
Pequeno aceno
Pequeno movimento
Mistura-se na imensidão da totalidade
Janela aberta pequenina
A permitir entrar somente o pásssaro
Do canto mais profundo do mundo
Sangüíneas
Perduráveis
Mãos pequenas quebram-se fácil
Têm surpreendente recuperação
Pequenas mãos medem pouco
Por vezes calculam menos
Enroscam-se em fios
A encontrar mãos enormes
Carregam fardos
De outra, não suportam o peso da bandeira
Mas tem medidas precisas para agarrar a haste
São delicadas para costurar cores
Desperta e ágil a tingir o vermelho
Palmas pequeninas na canção da multidão
Ligeiras e providenciais no tumulto
Mãos pequeninas apertam mãos ásperas
como quem entende a história do mundo
Escrevem, porque a caneta cabe perfeito
Pequenas mãos colorem delicados detalhes
e propagam as imagens mais intensas
guardadas no fundo dos olhos
Chama pequenina
Pequenina gana
Beatifica essas mãozinhas
Para que elas segurem minha alma.
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Um comentário:
A Drí é linda! Parece uma personagem que saltou de um filme... Lindo poema, linda pessoa que é a nossa Adriana!!!
"Kátcháááááá"
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