22 de jan. de 2008

Céu com goteiras

O Céu tem goteiras.
São Pedro devia ter contratado meu vizinho.
Todo dia ele martela desde cedo.
Constrói sozinho uma casa que não é para ele.
Com sol ou chuva ele esteve por todo o verão a levantar paredes, carregar tijolos e servir de piada para uns implicantes que sem ter o que fazer o transformaram em atração de feriados.
Ele é do Norte e não se amofina. Por lá, diz ele, se resolve é de outro jeito: "já fiz foi de tudo, num tenho é sorte." No caso da casa, resolveu logo: colocou um pano na janela da construção que dava para rua: "isto aqui num é novela, mas nada! eles que vão rir de outro. Tão achando diversão? Eu não sou palhaço".
Cantarola também, que tanto cimento em tão poucos braços e pulmões não deve ser fácil; além de não ser engraçado. A música predileta (quando não brigou com a esposa) é: "quando será o dia da minha sorte? sei que antes da minha morte este dia chegará. Mas quando será?"
Vai saber, não é mesmo?


(Liliane M. A. Silva)

Um comentário:

J.R. Lima disse...

A esperança é reconhecer o dia, quando chegar!
...e a formiga passou o verão trabalhando, trabalhando, enquanto a cigarra cantava.
um beijo.