Bem sei o que sentiste
Fazer da pena a espada
Fortalecer-se na palavra
Insubordinar-se
Libertar-se
Mas, caro poeta
Melhor não teria sido
Trançar futuro de alvíssaras?
Utópico companheiro
Mil vezes Graças
Ao destino de tão simplória escriba
Tua liberdade te escureceu horizontes
A minha os fará fulgurantes
Ainda hoje
ressoam teus versos,
indeléveis em cada frontispício.
Mas é de tristeza, saudade e solidão
Que repicam os sinos de seus verdejantes campos
Foi só em lágrimas que tua Marília findou
Se carregas as honras do heroísmo
também transportas
a verdade quase não sabida
da tragédia de ter abandonado
as ovelhas, deslumbrante céu, amor mais amado
Meu caro Dirceu!
Deixo a ti as honras e a glória
bordarei eu meu vestido
trançarei pães
dormirei sob estrelas
percorrerei outros heroísmos
acalentarei em meus seios
ternuras inescrutáveis
Você não o ouviu nestas pairagens
mas há um outro de ti
mais zangado
(talvez) mais indignado
mas tanto quanto, amado.
que avisava: "é que o amor é pão feito em casa"
Quisera tu tê-lo encontrado
Ter-se-ia, quem sabe?
Aos rogos de tua Marília capitulado
Sido humilde pedreiro
Acompanhado de tua janela
A São Francisco envelhecer
Assistido a luz se despedir
Com tua querida amanhecer
Ó você
que com um admirável mundo novo
Sonhou antes mesmo do próprio autor.
A ti um pouco de louvor
Um punhado de lamento
Dois tantos de agradecimento.
E só.
Eu
Escolho
o Amor.
(Liliane M. A. Silva)