8 de ago. de 2008

Palavra Escrita. Palavra falada. Escutar o inconsciente


O jardim das delícias - Bosch

Preparando as aulas
ALCOFORADO (junho de 1668):
"vivi muito temo em um abandono e uma idolatria que me horrorizam, e os meus remorsos perseguem-me com um rigor insuportável.
sinto vivamente a vergonha dos crimes que me fizeste cometer, e falta-me, ai de mim! a paixão que me estorvava o conhecimento da enormidade deles...
quando deixará o meu coração de ser dilacerado?
quando me verei eu livre deste embaraço cruel?
contudo creio que não te desejo mal algum, e que me resolveria a consentir que fosses feliz
(...)
Era jovem, era crédula, tinham me encerrado desde a infância neste convento; aqui não tinha visto senão gente desagradável; jamais tina ouvido louvores que me davas continuadamente; parecia-me que te devias os atrativos e a beleza que dizias admirar em mim, e que me fazias conhecer; ouvia dizer muito bem de ti; todos me falavam em teu favor, tu fazias tudo para espertar o amor ..."

CASTELO BRANCO (2004):
"a escassa teoria já desenvolvida em torno da possível dicção feminina mais complica do que esclarece. Ao tentar definir a ambiguidade e o mistério femininos, que porventura se refletem na produção literária de mulheres, as teorias fazem-se também nebulosas e pouco verificáveis. Os julgamentos acabam por recair nas esferas do 'sentir' e do 'pressentir', e tais atitudes nunca mereceram muito crédito perante as sérias e embasadas da crítica tradicional. Talvez só o 'despertar da ânima adormentada", proposto por Natália Correa (1983, p. 47-50), nos resgate essa capacidade.
É assim que, anímica ou 'femininamente', como querem alguns, decidi perseguir os rastros da dicção feminina"

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